sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Uma Circular Gianellina fazendo circular a Luz do Natal

Mensagem da Madre Geral 
do Instituto das Filhas de Maria SS. do Horto 
para a FAMÍLIA GIANELLINA



Uma mulher disse “sim” e Deus veio habitar entre nós. Fez-se carne, fez-se esperança, fez-se luz. A promessa se cumpriu. É apenas uma criança, como tantas que, hoje, nos interpelam, gritam, clamam por esperança, vida... mas são também esperança de futuro.

      Caríssimos,
augurando um Natal cheio de alegria, convido todos a deixar-se conquistar pela doçura e pelo desafio do Verbo feito um de nós, tendo presente que Ele continua a encarnar-se e quer morar entre nós!
O Natal é o maior ato de fé do nosso Deus na humanidade porque entrega o Filho Unigênito nas mãos de uma jovem inexperiente e generosa, confiando totalmente nela. Maria disse “sim” e cuida do recém-nascido, alimenta-o de leite, de carícias e de sonhos. Ela o fará viver com seu abraço. Do mesmo modo, na encarnação nunca concluída do Verbo, Deus viverá na nossa terra somente se nós cuidarmos dele, como uma mãe, a cada dia (Ermes Ronchi).
O Natal é uma doce solenidade porque é de família, de crianças, de beleza e de doçura. É um dia de ternura, de emoção, de intimidade. É o dia em que se sente o encanto da bondade, o fascínio de ser bons e, se assim não for, lamentamos. Mas, o Natal deve tornar-se, para cada um de nós, o espaço para a reflexão porque, num Menino, Deus se entrega em nossas mãos e nos pede para defendê-lo das injustiças que ainda existem e nos convida ao encontro verdadeiro com todos, sobretudo com aqueles que, por mil motivos, ficaram para trás.
S. Antônio Gianelli, por dois anos consecutivos (1844-1845), fez os augúrios natalinos às Filhas de Maria indicando a pobreza como meio indispensável para viver o mistério da presença de Jesus Cristo no meio de nós e propondo-a como distintivo do Instituto. Trata-se de uma pobreza que vive de alegria e contentamento, que liberta, levando à itinerância para o serviço aos outros, para a missão. É a itinerância que o próprio Filho de Deus assumiu ao fazer-se carne, ao fazer-se esperança, luz, como diz a frase de abertura deste augúrio.
O pensamento do nosso Fundador é muito atual na conjuntura histórica presente, no atual pensamento da Igreja que nos chama, continuamente, à conversão, a opções de solidariedade, de periferias, de caridade verdadeira, aquela que decide incluir “o outro”, o pobre, na vida pessoal familiar, comunitária.
Que o Mistério do Natal ilumine as nossas opções: ajudemos, inventemos, renunciemos a alguma coisa, procuremos quem está mais próximo à nossa sensibilidade, mas vamos ao encontro daquele Menino que, no Natal, interpela fortemente as nossas consciências.
Renovo os votos de um Santo Natal de paz e de serenidade, no encontro com o rosto do pobre, aquele que me oferece a oportunidade de contemplar e assimilar em profundidade o mistério desta festa.
Considerando que, ainda hoje e para sempre, o Verbo se faz Homem, “uma criança como tantas... esperança de futuro”, partilho com vocês um escrito de Giuliana Martirani, que pode ajudar-nos a dar um sentido profundo e global à festa que celebramos.                        
Ir. Terezinha Maria Petry
Superiora Geral
 Roma, 2013/2014
    
Querido Jesus Menino, quero avisar-Te...


Querido Menino,
agora que, novamente, nasces criança na Terra, 
quero avisar-Te:
                      
Não nasças na cristã Europa:
te colocarão só diante da TV,
enchendo-te de pipocas e salgadinhos,
e te educarão para ser competitivo,
homem de poder e de sucesso,
a ser um “lobo”para as outras crianças
como africanas, latinoamericanas ou asiáticas.
Tu que és o manso Cordeiro do serviço.

Não nasças na cristã América do Norte:
te ensinarão que és superior às outras crianças,
que tempo é dinheiro,
que tudo pode ser reduzido a negócio,
também a natureza;
que cada ser humano “tem um preço”
e todos podem ser comprados e corrompidos;
e te treinarão para disparar mísseis e fazer embargos
que tiram alimento e medicamentos de outras crianças.
Tu que és o Príncipe da paz.

Evita a África:
poderia te acontecer de nascer com Aids
e de morrer de diarréia, ainda recém-nascido,
ou de terminar refugiado num País não teu
para fugir de novos massacres dos inocentes.
Tu que és o Senhor da Vida.

Evita a América Latina:
acabarias menino de rua ou te explorariam
para cortar cana de açúcar ou colher café e cacau
para as crianças do Norte do mundo
sem nunca poder comer uma só barra de chocolate.
Tu que és o Senhor da criação.

Evita também a Ásia:
te farão trabalhar 14 horas por dia
para fabricar tapetes ou sapatos, bolas e brinquedos
para dar de presente...no Natal...
e Tu  andarás descalço
e jogarás com bolas de papel ou de pano.
Tu que és o Dono do mundo.


Mas, sobretudo, não nasças... de novo na Palestina:
alguns te colocarão um fuzil, outros uma pedra nas mãos
e te ensinarão a odiar aos teus irmãos... do mesmo Pai:
os hebreus, os muçulmanos e os cristãos
Tu que, a cada ano, és enviado pelo Pai
para dar-nos o seu amor misericordioso.
   
  Querido Menino,
pensando bem, deves mesmo renascer em todos esses lugares, mas não nos corações das crianças e dos Países “pequenos e fracos”: lá já estás. Mas no coração dos grandes e dos Países “grandes e poderosos”, porque, como Tu mesmo fizeste: 
Deus potente que se torna criança impotente, renasçam também eles: pequenos, inocentes e, finalmente... fracos.
                                                                                                                                                 
Giuliana Martirani