quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Dia 21 gianellino-quaresmal!

Tempo de Quaresma!
Penitência é assunto para os nossos tempos?!
A Renúncia está em alta!?
Palavras de Antônio Gianelli (1789–1846),
santo missionário,
fundador do Instituto das
Filhas de Maria SS. do Horto,
tiradas de seus Sermões de Quaresma

[...]
Rasgar o Evangelho e renunciar a ele ou segui-lo como convém...  [...] É necessário deixar de ser cristãos ou admitir que a nossa vida é de penitência e que devemos fazê-la...  Mas, em que consiste essa penitência?
[...]
Uma coisa é a penitência do corpo, outra é a do espírito; a penitência do corpo sem a do espírito vale pouco diante do Senhor. A do espírito lhe é sempre agradável e tanto mais quanto mais viva for e se a acompanhar a do corpo. É preciso, no entanto, que sejam sempre unidas.
Para terem disso uma idéia correta, lhes direi que a penitência nada mais é do que uma guerra para destruição do pecado.
[...]
Por isso, vocês se dão conta de que não é verdadeira penitência a que não sabe detestar e abominar o pecado cometido ou que não sabe afastá-lo quando o prevê.
[...]
Um dia, Deus falou ao profeta Isaías (cap. 58): “Eu quero que se destrua o pecado, quero que se desfaça a iniquidade, que sejam aliviados os oprimidos, alimentados os famintos, socorridos os pobres, vestidos os nus, acolhidos os peregrinos”. E, noutro trecho, falando pela boca do profeta Joel (cap.2), disse: “Rasquem os seus corações, não as suas vestes”.
[…]
Muitos, porém, se enganam, convencendo-se de que, fazendo algum jejum, praticando alguma assistência, recitando alguma oração ou outra obra de piedade semelhante, cumpriram a sua penitência; e, no entanto, não se dão conta de que continua aquele estilo de vida, que permanece aquela prática, que vence sempre aquela paixão, que domina aquele arroubo, que arde sempre no coração aquele ódio inveterado e perverso. “Rasquem os seus corações, não as suas vestes” - Se não mudarem de coração, todo o resto não servirá.
No fazer isso, não os isenta nem a idade, nem a condição ou estado. Vocês não podem fazer penitência de um modo? Façam-na de outro. Não podem, talvez, jejuar, mas podem mortificar-se de outro jeito. Não podem fazer rigorosas penitências, mas podem privar-se de muitos passatempos e de muitos prazeres. Não podem cansar-se, trabalhar, mas podem, de mil maneiras, renunciar à própria vontade; podem fazer esmolas, podem humilhar-se diante de Deus, podem rezar, podem chorar, pelo menos no segredo do seu coração. Se quiserem, podem fazer muito mais, que não seja sacrificando-se no corpo.
Olhem o publicano: não faz nada além de inclinar-se, bater no peito e pedir misericórdia; e, deste modo, alcança o perdão: voltou purificado Contemplem a Madalena: não veste cilício, não carrega correntes, não jejua, mas com suas lágrimas derramadas nos pés do Senhor, obtém o perdão. Admirem Davi: ele não faz mais do que pronunciar um “pequei”, e logo Deus lhe perdoou seu pecado. Mas, por que isso? Porque a humildade do publicano, o amor da Madalena, o arrependimento de Davi eram tão grandes que superavam qualquer penitência.
Todos temos o coração livre, todos podemos, com a ajuda de Deus, detestar o pecado; todos podemos crescer no amor divino que, no dizer de S. Paulo, basta para cobrir a multidão dos nossos pecados. Por que, então não nos servimos disso, se não podemos praticar as outras penitências? Os meios nunca faltam para quem quer utilizá-los. Suas privações, suas fadigas, seus desgostos, suas misérias, suas preocupações, tudo pode ser objeto de penitência, se vocês quiserem. Basta que tenham o espírito de penitência, quero dizer, um espírito que deteste os pecados da vida passada e que procure castigá-los em si mesmo, que se esforcem em afastá-los para o futuro; enfim, um espírito empenhado em fazer guerra à culpa, em destruir o pecado.
Eis para vocês a verdadeira penitência; essa é a nossa situação, essa é a penitência que devemos fazer, esse é o modo de praticá-la.
Oração:
Deus das misericórdias, que chamas à penitência os pecadores e enches com tuas consolações os corações penitentes, dá-nos, por piedade, o verdadeiro espírito de penitência e faze que, como fomos, no passado, seguidores da culpa, tornando-nos inimigos da mesma, sejamos, até a morte, seguidores da verdadeira penitência. […]
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(Do sermão de Antônio Gianelli
– SOBRE A PENITÊNCIA – traduzido livremente de:
Escritos autografados em Sermões vol.3°, pág. 4
– Arquivo Casa Geral das Filhas de Maria SS. do Horto (Gianellinas), em Roma/Itália)